quinta-feira, 30 de abril de 2009

Fora dos Trilhos

E foi assim: sentimentos despedaçados por todos os lados, projetos compartilhados num futuro que esbagaçou-se alí, no trem do amor descarrilado que o destino não quis apitar na próxima estação. Um coração desengatou-se do outro. Mas restava a lembrança do amor ainda nos trilhos, do vagão alegre que só trepidava nas horas mais felizes, pintado com o calor do vinho, ao som de Fuck this shit, de Belle & Sebastian.

Tinha de recompor o vagão; não foi fácil mas assim o fez. No primeiro teste, notou que as rodas da paixão ficaram meio tortas, cambaleantes como um andar de criança; que o apito anunciando um amor igual aquele soou fraco, era um sopro. Chegaria à próxima estação? Ou, pior, havia próxima estação? Gostava daquele jeito Madame Bovary de ser: meio fútil, meio inteligente; meio puta, meio senhora; meio desinteressada, absolutamente interesseira; meio racional mas totalmente sonhadora. E definitamente linda.

Norton Ferreira
casadasletras@gmail.com

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