domingo, 26 de abril de 2009

Sonho de Valsa

“Se alguém de repente lhe oferecer flores, isso é Impulse”. Gosto desta frase, é um bom trocadilho, mas não sei por que iniciei esta viagem com ela. Talvez, ao chegar ao destino, encontre a razão. Divide-se casa, emprestam-se livros, compartilham-se discos, reparte-se comida, emprestam-se carros. Mas, se ela nunca dividiu um Sonho de Valsa com você, começo a duvidar dessa relação.
Não vale Chokito, Batom, Diamante Negro ou Prestígio, tem de ser Sonho de Valsa.

Há estudos que dizem que o prazer que uma mulher sente, ao comer um chocolate, é semelhante a um orgasmo. Uma festa no cérebro provocada pela cópula luxuriosa entre a serotonina e a endorfina. Coisa que nem toda mulher está disposta a dividir com seu amado, em se tratando de um Sonho de Valsa. É um prazer só seu, e você seria um intruso; você teria que ser mais que um reles penetra para poder gozar essa valsa.

Algumas mulheres ficam em êxtase, zonzas, zarolhas diante de um Sonho de Valsa. Que magia é essa, que mistério é esse?. Há uma música de Alceu Valença, que diz “comemos juntos Sonhos de Valsa...” Veja o quanto há de cumplicidade nesta frase. Acho a cumplicidade uma coisa bacana, calma, é o amor suspenso e amarrado nos laços da ternura, do bem-querer, do querer ser só um; ao sabor dos vendavais da paixão. Quem junto comeu um Sonho de Valsa, come até o pão que o Lula amassou e vai amassar mais ainda.

Dividir um Sonho de Valsa é a mais singela e honesta declaração de amor, acredite. Estou falando em dividir, e não em ter dois e dar um. Não tem graça. O que vale é a mordida que ela deixa você dar no pedacinho dela. O resto é varejo, é conseqüência, o fogo desceu, o sino tocou, a igreja se abriu, os anjos disseram amém; só lhe resta ajoelhar-se e não pedir perdão, você tem direito ao pecado não-permitido.

O ideal é que você não peça, que não force a barra; deixe o amor brotar naturalmente de dentro de um Sonho de Valsa. Quando isso acontecer, concedo-lhe o direito de rolar uma lágrima, que ela desça até à sua boca, que o gosto salgado invada os lábios da sua amada. Ela irá entender, ela irá gostar: porque, se ela repartiu um Sonho de Valsa com você, é porque ela também quer seu sal. É a cumplicidade da qual falei. Deixe acontecer. Deixe que seja por "Impulse."

Norton Ferreira
casadasletras@gmail.com

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