Chegou o grande dia, finalmente tio Deda mandou avisar que chegaria à noite, e de manhã partiriam para ele conhecer o tão sonhado mar. Sem dúvida que Lucas não dormiu; o mar já barulhava na sua cabeça. Como era acostumado às quatro da manhã estar de pé, às quatro da manhã já estava arrumado. Uma pequena mochila com pouca coisa: um calção velho, de tecido, uma bermuda e duas camisas, contando com a que ele estava no corpo. Às cinco tio Deda também estava pronto, e partiram. Às seis da tarde chegaram à uma pequena cidade, onde dormiram; mais uma noite de longa espera e aflição para Lucas. Logo cedo enfrentaram mais três quilômetros de caminhada, mata a dentro, que abria e se esparramava em coqueiros até os pés da fileira de grandes dunas. Lucas calado, tio Deda também. Com muito sacrifício subiram uma delas, Lucas afundava na areia, e o sol esquentando. Quando chegaram ao topo, o mar descortinou-se, abriu-se na sua majestosa beleza, como se se Deus tivesse aberto as cortinas do grande teatro da natureza: Lucas olhando............, olhando............., paralisado. Tio Deda deu um tempo, olhando para ele, e perguntou: “E aí, Lucas, gostou? Não é bonito?” – Tio, ajuda a ver, ajuda a ver...
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Chegou o grande dia, finalmente tio Deda mandou avisar que chegaria à noite, e de manhã partiriam para ele conhecer o tão sonhado mar. Sem dúvida que Lucas não dormiu; o mar já barulhava na sua cabeça. Como era acostumado às quatro da manhã estar de pé, às quatro da manhã já estava arrumado. Uma pequena mochila com pouca coisa: um calção velho, de tecido, uma bermuda e duas camisas, contando com a que ele estava no corpo. Às cinco tio Deda também estava pronto, e partiram. Às seis da tarde chegaram à uma pequena cidade, onde dormiram; mais uma noite de longa espera e aflição para Lucas. Logo cedo enfrentaram mais três quilômetros de caminhada, mata a dentro, que abria e se esparramava em coqueiros até os pés da fileira de grandes dunas. Lucas calado, tio Deda também. Com muito sacrifício subiram uma delas, Lucas afundava na areia, e o sol esquentando. Quando chegaram ao topo, o mar descortinou-se, abriu-se na sua majestosa beleza, como se se Deus tivesse aberto as cortinas do grande teatro da natureza: Lucas olhando............, olhando............., paralisado. Tio Deda deu um tempo, olhando para ele, e perguntou: “E aí, Lucas, gostou? Não é bonito?” – Tio, ajuda a ver, ajuda a ver...
Amor Para Sempre Amor
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Penélope
Não foi bem isso que me chamou a atenção, e, sim, toda uma raiva, toda uma ira, toda uma revolta, um “foda-se o mundo” que estava no pilotis de uma existência. Aos cinco, foi “acariciada’ pelo tio; Aos 14, foi estuprada no banheiro, pelo namorado. Afundou no porão da autoestima e rolou de copo em copo, de baseado em baseado. Consegui o primeiro encontro, dizendo que era apenas para entrevistá-la; que ela deveria ter uma história interessante de feia. Concordou, desde que eu pagasse o cachê: 200 reais. Paguei.
A cidade de Santos tem bares interessantes, preferiu um que já conhecia. Sob uma lua que pedia atenção e choramingava desespero, num ambiente que escarrava bêbados por todos os buracos, conversamos. Morena, alta, ainda bonita, cabelos compridos e uma sobrancelha torta, que lhe sobrou de uma tentativa de casamento.
- Não dá mais! Cansei! Se eu chegar a beijar a boca do ralo, estarei melhor. Que venham todos os gatos pretos, todas as sextas-feiras 13. Quero calo, mas calo de sapato novo. Quero dor de verdade. Tchau, Disney! Tchau, faculdade. Tchau, dignidade de barriga vazia. Tchau, calcinha de R$1,99, quero DeMillus, cuequinha Calvin Klein. Eu quero é gozar no final. Vou botar minha sobrancelha no lugar. Homem não presta, o mundo não presta. E o amor?, perguntei. “ O amor, meu bem, o amor é o infinito posto ao alcance dos cachorros.”
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Por Milly Lacombe
Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama.
E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos.
Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhar o caderno de cultura. Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento.
Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa.
E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde. Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá.
Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo.
Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto.
Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que comparilhamos enquanto olhávamos a lua.
Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos.
Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais.
E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.
Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar Dream’ Bout Me ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
PONTAPOEMA 5
"Não
O Morro do Careca
Não é um Morro
É uma noiva
Vista de costas
Eternamente a admirar
Seu noivo sol."
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
PONTAPOEMA - 4
"Redes ao mar
Riqueza nos arrastões
Eu ali
Testemunha da bravura do peixe
E da força de seu Joquinha
Comida garantida
Para os filhos e seus camaradas
Peixes não há mais
E assim arrastaram seu Joquinha."
"De tuas areias
Tiraram as barracas
Impuseram-te uma
Modernidades que não pediste
Não sabiam eles
Que eram templos de adoração
Armados aos teus pés."
"Aviões passam sobre ti
Rugindo turbinas de amores
Piscando luzes de conquista
E tu, indiferente
Na tua beleza de ser e estar."
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
PONTAPOEMA - 3
"Como são bonitos e sinceros
Os Bem-te-vis de
Pnta Negra
Quando eles cantam bem-te-vi
É porque eles bem-te-viram mesmo."
"Curvado vivo
Na curva da tua enseada
Onde passeiam
As curvas."
"Só tu tens
A enseada do útero
Que acolhe e
Dá à vida
Aqui me fizeste filho
Filho da mais bela
Das mães."
"São mais belos
Os cavalos de tuas nuvens
A lua narcísica
Beija doce tuas águas
Espelho de prata
Onde afogo desejos e olhos."
"Ninguém se veste
Para a noite
Melhor que você
Sejam putas
Damas ou rainhas
Vai, Ponta Negra,
Ser amada na vida."
"Cantam a tua beleza
Teu azul e
Teu morro que não morre mais
Esquecem tuas meninas alegres
De batons sonolentos e tristes
Dos bêbados sonhados de
Sonhos que não vão se realizar
Dos ambulantes que falam Inglês
E passam fome em Português
Dos mendigos artistas que
Dignificam a esmola
E que renascem com a
Força da vida
No teu amanhecer."